Avatares da Humanidade
A palavra “avatar” tem origem no termo sânscrito Aval que tem como significado “aquele que descende de Deus”, ou apenas “encarnação”.
Um dos textos indianos mais antigos, o “Vedas”, apresenta uma excelente definição do termo “avatar”:
"Avatara, ou a encarnação da Divindade, descende do reinado divino pela criação e manutenção da manifestação em um corpo material. E essa forma singular da Personalidade da Divindade que então se apresenta é chamada de encarnação ou Avatara. Tais Personalidades estão situadas no mundo espiritual, o reinado divino. Quando Eles transcendem para a criação material, Eles assumem então o nome Avatara." - Chantajar-caritativa 2.20.263 - 264.
Em razão desta concepção do termo, intimamente ligada à religiosidade e à “revelação”, foi ela absorvida pelo vocabulário esotérico, independentemente de linhagem indiana.
Para os esotéricos, portanto, “avatares“ são seres ditos iluminados que neste mundo tiveram a função de elevar espiritualmente os homens.
Sob este ponto de vista, de acordo com as convicções e crenças de cada ser humano difere o reconhecimento desta ou daquela personalidade como um legítimo “avatar”.
Buscamos compor uma lista de grandes personagens da humanidade que em algum momento da História, ou mesmo atualmente, foram considerados “avatares” e que podem ser consideradas colunas da sociedade e da humanidade e verdadeiras responsáveis pelo progresso humano.
Seriam eles Confúcio, Zaratustra, Buda, Moisés, Hermes Trimegisto, Platão, Jesus e Maomé.
Para evitar que o texto relacionado às análises destes grandes homens se torne demasiadamente longo, dividiremos o artigo em três partes.
A seguir, abordaremos Confúcio, Zaratustra e Buda.
Confúcio - por Damaruc
Confúcio – Superficialmente mencionado por nós no artigo “I Ching”, Confúcio é o nome latinizado de K'ung Ch'i ou K'ung Chung-ni, nasceu em meados do século V antes da era Cristã, na pequena cidade de Tsou, localizada no Estado de Lu, que hoje tem o nome de Shantung.
Confúcio estava longe de se originar de uma família abastada, embora seja dito que ele tinha ascendência aristocrática. Seu pai, Shu-Liang He, antes magistrado e guerreiro de certafama, tinha setenta anos quando se casou com a mãe de Confúcio, uma jovem de quinze anos chamada Yen Cheng Tsai, que diziam ser descendente de Po Chi'in, o filho mais velho do Duque de Chou, cujo sobrenome era Chi.
Dos onze filhos, Confúcio era o mais novo. Seu pai morreu quando ele tinha três anos de idade, o que o obrigou a trabalhar desde muito jovem para ajudar no sustento da família. Aos quinze anos, resolveu dedicar suas energias em busca do aprendizado. Em vários estágios de sua vida empregou suas habilidades como pastor, vaqueiro, funcionário e guarda-livros. Aos dezenove anos se casou com uma jovem chamada Chi-Kuan. Apesar de se divorciar alguns anos depois, Confúcio teve um filho, K'ung Li.
Durante sua vida, Confúcio viajou por diversos reinos e esteve em íntimo contato com o povo chinês, pregando a modificação total do sistema de governo, cuja meta essencial deveria ser o bem estar dos súditos, a começar pela diminuição das contribuições e das penalidades impostas ao povo.
Confúcio não pregava a aceitação plena de um papel definido para os elementos da sociedade, mas sim que cada um cumprisse com seu dever de forma correta. Já o condicionamento dos hábitos serviria para temperar os espíritos e evitar os excessos. Logo, a sua doutrina apregoava a criação de uma sociedade capaz, culturalmente instruída e disposta ao bem estar comum. A sua escola foi sistematizada nos seguintes princípios:
Ren, humanidade (altruísmo);
Li, ou cortesia ritual;
Zhi, conhecimento ou sabedoria moral;
Xin, integridade;
Zhing, fidelidade;
Yi, justiça, retidão, honradez.
Cada um desses princípios ligar-se-ia às características que para ele se encontravam ausentes ou decadentes na sociedade.
Confúcio não procurou uma distinção aprofundada sobre a natureza humana, mas parece ter acreditado sempre no valor da educação para a condicionar. Sua bibliografia consta de três livros básicos, sendo que os dois últimos são atribuídos aos seus discípulos:
Lun yu (Diálogos, Analectos), no qual se encontra a síntese de sua doutrina.
Dà Xué (大学) (Grande Ensinamento) e
Zhong Yong (Jung Yung), ou a "Doutrina do Meio".
Após sua morte, Confúcio recebeu o título de "Lorde Propagador da Cultura Sábio Supremo e Grande Realizador" (大成至聖文宣王), nome que se encontra registado em seu túmulo.
Zaratustra - por Ronald Reinozo
Zaratustra (meados do século VII antes da era Cristã) – sobre o qual você lê em nosso artigo intitulado “Zoroastro”.
Zoroastro
Zoroastro (ou Zaratustra) nasceu na Pérsia (atualmente Irã) por volta da metade do século VII antes da Era Cristã. Foi o fundador do Masdeísmo (ou Zoroastrismo), religião que foi adotada oficialmente entre 558 e 330 a.C. pelos Aquemênidas[1].
Conta a história que há muito tempo, nas estepes próximas ao Mar de Aral, no sexto dia da primavera, nasceu na família Spitama um menino que foi chamado de Zaratustra, que, ao nascer, ao invés de chorar riu ruidosamente, causando grande admiração nas parteiras.
Um dos sacerdotes da vila, percebendo que Zaratustra seria um revolucionário do pensamento humano e que reduziria o poder sacerdotal, procurou pelo pai da criança dizendo: "Pourushaspa Spitama, vim avisar-lhe. Seu filho é um mau sinal para a nossa vila porque riu ao nascer, ele tem um demônio. Mate-o ou os deuses destruirão seus cavalos e plantações. Onde já se viu rir ao nascer nesse mundo triste e escuro! Os deuses estão furiosos!"
Em razão da fala do sacerdote, no dia seguinte o pai de Zaratustra montou uma grande fogueira, colocando seu filho no meio das chamas, mas ele não sofreu qualquer dano.
Por conta disto, o menino foi levado para um estreito vale, sendo colocado no caminho de uma manada de mais de mil cabeças de gado para que morresse pisoteado. No entanto, o primeiro dos bois, percebendo a presença da criança, colocou-se sobre ele, impedindo que os demais o atingissem.
Ainda uma terceira tentativa de extermínio de Zaratustra foi tramada pelo sacerdote, que o colocou na toca de uma loba raivosa para ser devorado. No entanto, a loba cuidou da criança até que sua mãe, Dugdav, o viesse buscar.
Já crescido, Zaratustra estava um dia meditando à beira de um rio, quando foi abordado por um estranho, indescritível tamanha sua beleza e brilho. Zaratustra perguntou quem era e o estranho respondeu: "Sou Vohu Mano, a Boa Mente. Vim lhe buscar".
Vohu Mano tomou Zaratustra pela mão e o levou a um lindo lugar, onde outras sete entidades o aguardavam.
Nessa ocasião Vohu Mano disse para Zaratustra: "Zaratustra, se você quiser pode encontrar em você mesmo todas as respostas que tanto busca, e também questões mais interessantes ainda. Ahura Mazda, Deus que tudo cria e sustenta, assim escolheu partilhar a sua divindade com os seres que cria. Agora, sabendo disso, você pode anunciar essa mensagem libertadora a todas as pessoas.”
Zaratustra ficou confuso e não compreendia o motivo de haver sido escolhido, já que não tinha recursos ou poder. No entanto, os sete outros seres que ali estavam em coro disseram:"Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: Bons pensamentos, boas palavras e boas ações".
Retornando para sua aldeia, Zaratustra a todos contou o que havia acontecido. Sua família aceitou a revelação, mas os sacerdotes, sentindo-se grandemente ameaçados, resolveram acabar com a vida do rapaz, que, percebendo o perigo que corria com sua “boa mente”, reuniu seus 22 companheiros e companheiras e fugiu com tudo o que tinha.
Após várias semanas de viagem, chegaram a um lugar governado por Vishtaspa, com quem Zaratustra partilhou sua descoberta. Vishtaspa, entretanto, recusou-se a aceitar as revelações de seu interlocutor, que durante dois anos tentou convencê-lo, durante os quais passou por diversas oposições e perseguições, chegando a ser preso por algum tempo.
No entanto, certo dia adoeceu o cavalo do governante, que convocou todos os sacerdotes, feiticeiros, médicos e sábios para salvar o animal da morte. Estes de tudo tentaram, incluindo sacrifícios de outros cavalos, sem qualquer resultado.
Zaratustra, nascido em meio rural, percebeu que o cavalo estava envenenado e recomendou ao governante o uso de um medicamento que conhecia de sua terra. Relutante, mas sem saída, Vishtaspa aceitou o remédio, que acabou por curar o animal em dois dias.
O povo atribuiu a Zaratustra um ato milagroso, mas este esclareceu o governante que apenas havia usado de conhecimento adquirido em sua vila.
A franqueza e a verdade encantaram o governante e sua família, que se dispuseram a ouvir Zaratustra de mente e coração abertos, pelo que se converteram à nova religião, sendo iniciados, como grande parte de seu povo.
Ainda conta a história que dos 20 aos 30 anos, Zaratustra viveu em cavernas de altas montanhas. Não ingeria nenhum alimento de origem animal. Teria também vivido no deserto, onde o demônio o teria tentado, sem êxito.
Após sete anos de completa solidão, retornou ao seu povo e com 30 anos recebeu a revelação divina, via sete visões ou ideias.
Iniciou sua pregação aos 30 anos e durante 10 anos apenas conseguiu converter seu primo.
Aos 40, consegue a conversão do governante Vishtaspa, que iniciou uma grande reforma religiosa no país, chegando o Masdeísmo a ser a religião oficial da Pérsia.
Zaratustra teria morrido assassinado aos 77 anos, quando rezava no templo diante do fogo sagrado.
A doutrina Masdeísta admite que antes do mundo existir haviam duas forças antagônicas: os espíritos do bem (Ahura Mazda, Spenta Mainyu, ou Ormuz) e do mal (Angra Mainyu ou Arimã). Entre as diversas divindades auxiliares de Ormuz, a mais importante era Mithra, que exercia as funções de juiz das almas. No final do século III d. C., a religião de Mithra fundiu-se com cultos solares orientais, configurando-se no culto ao Sol (veja o artigo “O Sol nos mitos, religiões e Maçonaria”).
Arimã (a força do mal) é representado por uma serpente (coincidência com a narrativa bíblica?).
Ahura Mazda (a força do bem) é representado também como um lavrador, demonstrando o enraizamento do culto na civilização agrícola.
Os principais mandamentos da doutrina Masdeísta são: falar a verdade, cumprir com o prometido e não contrair dívidas. O homem deve tratar o outro da mesma forma que deseja ser tratado. Por isso, a regra de ouro do Masdeísmo é: "Age como gostarias que agissem contigo".
Entre as condutas proibidas destacavam-se a gula, o orgulho, a indolência, a cobiça, a ira, aluxúria, o adultério, o aborto, a calúnia e a dissipação. Cobrar juros a um integrante da religião era considerado o pior dos pecados. Reprovava-se duramente o acúmulo de riquezas.
As virtudes como justiça, retidão, cooperação, verdade e bondade, surgem com o princípio organizador de Deus Ascha, que só se pode manifestar com o esforço individual de cultivar a Tríplice Bondade. Esta prática do Bem leva ao bem-estar individual e, consequentemente, coletivo. A comunidade somente pode surgir quando o indivíduo se vê como autônomo, e desse modo pode descobrir o outro como pessoa. O ego é valorizado como fonte para o reconhecimento do próximo. Cultivado de forma sadia, o ego torna-se forte e poderoso para o homem observar a si próprio como membro da comunidade e capaz de contribuir para o bom relacionamento harmonioso com os outros seres.
Por isso, eram incentivadas as virtudes econômicas e políticas, entre elas a diligência, o respeito aos contratos, a obediência aos governantes, a procriação de uma prole numerosa e o cultivo da terra, como está expresso na frase: "Aquele que semeia o grão, semeia santidade". Havia também outras virtudes ou recomendações de Ahura Mazda: os homens devem ser fiéis, amar e auxiliar uns aos outros, amparar o pobre e ser hospitaleiros.
A doutrina original de Zaratustra opunha-se ao ascetismo. Era proibido infligir sofrimento a si, jejuar e mesmo suportar dores excessivas, visto o fato de essas práticas prejudicarem a alma e o corpo, e impedirem os seres humanos de exercerem os deveres de cultivar a terra e de procriar. Essas prescrições fomentavam a temperança e não a abstinência. Assim, as exortações e interdições destinavam-se a proporcionar aos homens uma boa conduta, além de reprimir os maus impulsos.
A adoração a Ahura Mazda ou Ormuz pode também ser chamada Mazdayasna (Adoração ao Sábio). O culto não requeria templos, pois Deus era representado pelo fogo, considerado sagrado e símbolo de pureza. A chama era mantida constantemente em altares, erguidos geralmente em lugares elevados das montanhas, onde se faziam oferendas. Os magos, detentores de segredos e de verdades reveladas, dirigiam os ritos e os cultos – são referidos na Bíblia, no Novo Testamento. O rei da Pérsia teria enviado a Israel sacerdotes do Zoroastrismo, que seguiram uma estrela até Belém, no intuito de encontrar o Salvador, ou Messias.
Zaratustra transmitira, aos magos e adeptos, os segredos e a verdade suprema que lhe foram revelados por Ahura Mazda por meio de um anjo chamado Vohu Manõ. Assim como o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo, também no zoroastrismo a revelação divina é elemento essencial.
A religião Masdeísta diferencia-se das existentes até então não só pelo dualismo Bem–Mal, mas também pelo caráter escatológico. Entre os seusdogmas, estão a vinda do Messias, a ressurreição dos mortos, o julgamento final e a translação dos bons para o paraíso eterno. Inclui também a doutrina da imortalidade da alma e o seu julgamento.
Conforme os seus méritos ou pecados, elas iriam para o mundo dos justos (paraíso), para a mansão dos pesos iguais (purgatório) ou para a escuridão eterna (inferno). Não sepultavam, incineravam ou jogavam os mortos em rios, mas ficavam expostos em altas torres a céu aberto. Os corpos dos justos, salvos da destruição, secariam; já os dos injustos seriam devorados pelas aves de rapina. Desse modo, Zaratustra pode ser visto como um dos primeiros teólogos da história por ter erigido um sistema de fé religiosa desenvolvido e estruturado.
Enquanto religião ética, o Masdeísmo possuía a missão de purificar os costumes tradicionais de seu povo a fim de erradicar o politeísmo, o sacrifício de animais e a magia. Com isso, o culto poderia atingir uma dimensão ético-espiritual elevada. Zaratustra pregava que o esforço e o trabalho eram atos santos.
O Zoroastrismo é uma das religiões mais antigas e de mais longa duração da humanidade. Seu monoteísmoinfluenciou as doutrinas Judaica, Cristã e Islâmica. Após o domínio Islâmico do Irã, o Masdeísmo passou a ser religião de uma minoria, que passou a ser perseguida pela nova religião hegemônica. Por isso, parte dos seguidores remanescentes migrou para o noroeste da Índia, onde foi estabelecida a comunidade Parsi. No Irã, permanece ainda a comunidade Zardushti. Atualmente, o número total de seguidores do Masdeísmo (Zoroastrismo) não chega a 120 mil, distribuídos em pequenas comunidades rurais. Por ser uma religião étnica, o Masdeísmo geralmente não permite a adesão de convertidos. Na atualidade há uma maior flexibilidade, devido à migração, à secularização e aos casamentos realizados entre etnias distintas.
Buda - por Teixeira Leite
Buda – A respeito do qual falamos superficialmente nos artigos “Refúgio do bem” e “Dois caminhos para Deus”.
Trata-se do fundador do budismo, cujo nome verdadeiro foi सिद्धार्थ गौतम, ou Sidarta Gautama, um príncipe da região nordeste da Ásia Meridional, que se tornou professor espiritual, que viveu provavelmente entre os anos de 563 a 483 antes da era Cristã.
Gautama, também conhecido como ''Śākyamuni ou Shakyamuni ("sábio dos Shakyas"), é a figura chave do Budismo: os budistas creem que os acontecimentos de sua vida, bem como seus discursos, e aconselhamentos monásticos foram preservados depois de sua morte e repassados para outros povos pelos seus seguidores. Uma variedade de ensinamentos atribuídos a Gautama foram repassados através da tradição oral, e então escritos cerca de 400 anos depois. Os primeiros estudiosos ocidentais tendiam a aceitar a biografia do Buda apresentada pelas escrituras budistas como verdadeiras, mas hoje em dia "os acadêmicos são cada vez mais relutantes em clamar como inaptos os fatos históricos dos ensinamentos e da vida do Buda."
Segundo a biografia tradicional, o pai de Buda foi o rei Suddhodana, líder do clã Shakya, cuja capital era Kapilavastu, e que foi posteriormente anexada pelo crescente reino de Kosaladurante a vida de Buda. Gautama era o nome de família. Sua mãe, rainha Maha Maya(Māyādevī) e esposa de Suddhodana, era uma princesa Koliyan. Como era a tradição shakya, quando sua mãe, a rainha Maya, ficou grávida, ela deixou Kapilvastu e foi para o reino de seu pai para dar à luz. No entanto, ela deu à luz no caminho, em Lumbini, em um jardim debaixo de uma árvore de shorea robusta. Na noite que Sidarta foi concebido, segundo biografias tradicionais, a rainha Maya sonhou que um elefante branco, com seis presas brancas entrou em seu lado direito, e dez meses mais tarde Siddhartha nasceu.
Siddhartha (Pāli: Siddhattha), quer dizer "aquele que atinge seus objetivos", outro registro relatado nas biografias tradicionais é a de que, durante as celebrações de seu nascimento, o eremita Asita retornando de uma viagem ás montanhas anumciou que a criança iria se torna ou um grande rei chakravartin ou um homem santo.
O dia do nascimento de Buda é celebrado mundialmente, principalmente nos paises de tradição Teravada, e conhecido como Vesak.
Leitura belissima esta em ....voltaremos a falar de outros avatares por aqui ...puxa fascinante este assunto ...Adoro ....
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